Foi exibido no auditório da Biblioteca Carmem Teixeira o documentário, "Jorge Amado", do cineasta João Moreira Salles. A película produzida em 1995 faz uma breve apresentação da vida e obra do nosso querido Jorge.
O Nulep antecipando o Centenário de Nascimento (1912-2012) e o Decênio da sua Ausência (2001-2011) fez esta justa homenagem a quem soube revelar a Bahia ao mundo.
Os alunos tiveram a oportunidade de assistir ao documentário e de participar do debate realizado ao final com a contribuição dos Professores Adriano Santos e Jayme Ribeiro. Os principais aspectos abordados sobre o escritor giraram em torno da sua origem, trajetória política, envolvimento com o culto afro-brasileiro e obras.
"Ouviu o bedel Ranulfo fechar o cadeado por fora. Fora atirado dentro da cafua.
Era um pequeno quarto, por baixo da escada, onde não se podia estar em pé, porque não havia altura, nem tampouco estar deitado ao comprido, porque não havia comprimento. Ou ficava sentado, ou deitado com as pernas voltadas para o corpo numa posição mais que incômoda. Assim mesmo Pedro Bala se deitou. Seu corpo dava uma volta e seu primeiro pensamento era que a cafua só servia para o homem-cobra que vira, certa vez, no circo. Era totalmente cerrado o quarto, a escuridão era completa. O ar entrava pelas frestas finas e raras dos degraus da escada. Pedro Bala, deitado como estava, não podia fazer o menor movimento. Por todos os lados as paredes o impediam. Seus membros doíam, ele tinha uma vontade doida de esticar as pernas. Seu rosto estava cheio de equimoses das pancadas na polícia, e desta vez Dora não estava ali para trazer um pano frio e cuidar do seu rosto ferido. A liberdade era Dora também. Não era só o sol, andar livre nas ruas, rir no cais a grande gargalhada dos Capitães da Areia. Era também sentir junto a si o cabelo loiro de Dora, ouvir ela contar coisas do morro, sentir os lábios dela sobre os seus lábios feridos."
(Jorge Amado em Capitães da Areia)
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